quarta-feira, 19 de abril de 2006

E não é que é verdade?
(Elfo)

Minha avó sempre contou a história dos pais dela, que fugiram da Iuguslávia. Se bem que ela nunca soube me dizer muita coisa, só que eles moravam numa ilha, e que enterraram um baú com todo o dinheiro - muito, muito dinheiro - pensando que poderiam voltar dali uns meses.

Depois de seis meses escondidos no porão de um navio, os dois chegaram no Brasil e nunca mais voltaram. E tudo ficou lá: a casa, os bens, o dinheiro enterrado e o sobrenome, que eles não puseram em nenhum filho. Meu bisavó morreu quando minha avó era criança e dizem que minha bisavó jamais tocava nesses assuntos. O que chegou na minha geração foi só uma história mal contada, que eu jurava que era lenda.

Pois parece que não é. Fuçando na Internet, num site de genealogia mantido pelos mórmons, eu achei uns tais Vlasic. Pensei que talvez pudessem não ser eles, mas reconheci o nome da província, que eu havia visto nuns cartazes turísticos do tio da minha avó, quando eu tinha lá os meus cinco anos: Hrvatska. Sim, eram eles.

E fuçando um pouco mais, achei o mapa de Hrvatska, e lá está o único nome que minha vó sabe me dizer: Korcula, a ilha onde eles moravam. Fucei mais e mandei o Babel Fish traduzir o site do programa do governo iuguslavo que se dedica a recuperar as memórias perdidas na guerra. E para o meu espanto, achei lá o nome de Franko Vlasic - o tio que tinha os cartazes turísticos, irmão mais novo de meu bisavô -, filho de Miko, filho do conde Josip Vlasic, nascido em 1850, último senhor de Korcula.

Tudo bem que muitas gerações passaram e a família se ramificou, mas eu sou descendente do cara. O que me dá sangue nobre, um castelo numa ilha e um tesouro enterrado. É mole?