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A partir de janeiro de 2008, Brasil, Portugal e os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste terão a ortografia unificada.
O português é a terceira língua ocidental mais falada, após o inglês e o espanhol. A ocorrência de ter duas ortografias atrapalha a divulgação do idioma e a sua prática em eventos internacionais. Sua unificação, no entanto, facilitará a definição de critérios para exames e certificados para estrangeiros. Com as modificações propostas no acordo, calcula-se que 1,6% do vocabulário de Portugal seja modificado. No Brasil, a mudança será bem menor: 0,45% das palavras terão a escrita alterada. Mas apesar das mudanças ortográficas, serão conservadas as pronúncias típicas de cada país.
Veja as mudanças:
- As paroxítonas terminadas em “o” duplo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo. Ao invés de “abençôo”, “enjôo” ou “vôo”, os brasileiros terão que escrever “abençoo”, “enjoo” e “voo”.
- mudam-se as normas para o uso do hífen
- Não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos “crer”, “dar”, “ler”, “ver” e seus decorrentes, ficando correta a grafia “creem”, “deem”, “leem” e “veem”.
- Criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como “louvámos” em oposição a “louvamos” e “amámos” em oposição a “amamos”.
- O trema desaparece completamente. Estará correto escrever “linguiça”, “sequência”, “frequência” e “quinquênio” ao invés de lingüiça, seqüência, freqüência e qüinqüênio.
- O alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação de “k”, “w” e “y”.
- O acento deixará de ser usado para diferenciar “pára” (verbo) de “para” (preposição).
- Haverá eliminação do acento agudo nos ditongos abertos “ei” e “oi” de palavras paroxítonas, como “assembléia”, “idéia”, “heróica” e “jibóia”. O certo será assembleia, ideia, heroica e jiboia.
- Em Portugal, desaparecem da língua escrita o “c” e o “p” nas palavras onde ele não é pronunciado, como em “acção”, “acto”, “adopção” e “baptismo”. O certo será ação, ato, adoção e batismo.
- Também em Portugal elimina-se o “h” inicial de algumas palavras, como em “húmido”, que passará a ser grafado como no Brasil: “úmido”.
- Portugal mantém o acento agudo no e e no o tônicos que antecedem m ou n, enquanto o Brasil continua a usar circunflexo nessas palavras: académico/acadêmico, génio/gênio, fenómeno/fenômeno, bónus/bônus.
Mas nem todo mundo concorda. Tem quem goste e tem quem não goste.
Vejamos as opiniões:Pasquale
Mas essas alterações não são bem-vistas por professores de Língua Portuguesa. Um dos que as critica é o professor, escritor e apresentador do programa “Nossa Língua Portuguesa” exibido nacionalmente pela TV Cultura, Pasquale Cipro Neto (foto). De acordo com ele, essas alterações vêm para confundir a cabeça das pessoas e para desestabilizar o que ainda nem está estabilizado. “As pessoas mal sabem grafar de acordo com o que está aí. Eu odeio essas mudanças. O sujeito conviver seis, sete, oito anos com duas ortografias é um inferno”, disse Pasquale.
Ainda segundo Pasquale Cipro Neto, as mudanças nas regras ortográficas da Língua Portuguesa são tantas que, 35 anos e meio depois da Lei 5.765, de 18 de dezembro de 1971 — na qual estão estabelecidas as últimas alterações na língua — as pessoas, principalmente as mais velhas, não conseguiram assimilar as regras. “Basta pegar o cardápio em alguns restaurantes que você vai encontrar a palavra molho com acento circunflexo na letra ‘o’, afirmou o professor e apresentador, citando como exemplo o ator brasileiro Mário Lago, que acompanhou praticamente todas as alterações da Língua Portuguesa e desistiu de tentar aprender as novas normas ortográficas. “Nós vamos ter uma reforma para quê? Para daqui a 70 anos termos a mesma dificuldade? Em nome de que devemos unificar a grafia na comunidade lusófona? Qual é o resultado concreto disso?”, indaga o professor.
Professores
A professora da Escola Estadual Farias de Brito (Praça 14, zona sul), Maria Luiza de Paula também não vê a mudança nas regras como algo que venha contribuir ou facilitar o aprendizado dos alunos ou das pessoas de maneira em geral. “Não vai fazer muita diferença para um público maior. O grande benefício será para os conhecedores e professores da Língua Portuguesa”, afirmou a professora, destacando que os alunos mais antenados já começaram a questionar as mudanças. Maria Luiza é professora de Língua Portuguesa há dez anos e contou que vem acompanhando as discussões em torno do Acordo Ortográfico.
Dando aula de Língua Portuguesa há 29 anos, o professor Elizeu Liberato, da Escola Estadual Fueth Paulo Mourão, destaca a pronúncia das palavras que perderão o acento, como uma das maiores dificuldades a serem enfrentadas pelos alunos, mas ao mesmo tempo diz que a retirada dos acentos gráficos facilitarão o aprendizado das regras de acentuação.
O professor Valquindar Ferreira Max Júnior, da Escola Batista, no São Jorge, também acredita que as mudanças ajudarão na vida dos alunos. “Eles sabem produzir bastante o texto, mas devido a tantas regras, precisamos moldar aos poucos”, disse o professor. No magistério há dois anos, ele arrisca indicar uma nova mudança: a inclusão do sinal diferencial para as frases interrogativas e exclamativas, como acontece na Língua Espanhola que, ao iniciar uma frase interrogativa coloca o sinal no começo. Da mesma forma é na exclamativa. “Isso facilita a leitura, principalmente em público, porque às vezes o aluno começa a ler uma pergunta longa e acaba se perdendo em não dar a entonação cabível”, explicou.
Para os xíitas da lígnua portuguesa brasileira isso é uma afronta, um sacrilégio. Mas para os países em que ela é falada eu vejo essas mudança como um grande avanço. Minha opinião. No post original lá no
OMEdI tem alguns comentários e opiniões de populares.
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